segunda-feira, 8 de outubro de 2012

II

Sinto que às vezes a gente perde a sensibilidade pras coisas.

Essa semana me vi pensando sobre como certas coisas que podem definir uma vida são subestimadas. Quase não reparo quando almoço, quando dirijo certos caminhos, que parecem já impressos na minha cabeça de uma forma tão intrínseca que não preciso pensar. Sinto isso ao dormir tarde, acordar e não sentir o dia passar até ter que ir dormir de novo e me lembrar de que lá se foram 24 horas não notadas.

E são tantas coisas pequenas. Poderia bater o carro durante um desses trajetos por causa da menor das alterações no caminho, podia escorregar ao subir as escadas do prédio onde estagio, podia ser atropelado ao sair de casa...

Simplesmente não dá pra pensar nessas coisas. Fode com a sua cabeça. Acho que o mecanismo que nós temos pra lidar com isso é simplesmente... não pensar. Máquina esperta, esse nosso cérebro. Esperta e escrota, quando quer.

Escrevo isso porque é sempre um choque quando encaramos nossa mortalidade mais de perto. Às vezes não tão de perto, mas quando vemos o reflexo nos mais próximos. Algo tão bobo, tão estúpido, quanto escorregar e bater a cabeça pode ter consequências tão devastadoras na vida de tantas pessoas que simplesmente não dá pra pensar nisso. Até que acontece, e você não sabe o que dizer.

Não que eu queira chegar ao clichê do "temos que valorizar todos os dias como se fossem o último". Acho isso uma bobagem. Como disse, sinto que fomos meio que planejados para sermos insensíveis a certas coisas - as maiores delas sendo a própria mortalidade e o cotidiano insosso.

"Ignorância é uma benção".

E você achando que isso ia chegar a algum lugar, não?

Ouvindo: Black Rebel Motorcycle Club - Mercy



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