domingo, 14 de outubro de 2012

VI

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Quem diria que o céu de Brasília podia ser tão bonito à noite? 




sábado, 13 de outubro de 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

IV

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Os monstros saem à noite. 

Quando o sol vai embora e a lua estende seu manto sobre a cidade, os bichos saem. E bebem, e brigam, e fodem, como se isso fizesse alguma diferença no fim das contas. Tentam esquecer a própria mortalidade tentando ser mais, ou sobre os outros, ou usando dos outros. Correm atrás dos seus próprios rabos, ensandecidos, alcoolizados. 

Mas ela era paz. 

E no meio de toda aquela selvageria e caos, esses bichos solitários e inseguros correm, e correm, mas não fogem de si mesmos. Então, no auge da madrugada, finalmente se dão conta do absurdo. 

No fim da noite, os demônios vêm, e acabam com a farra dos monstros. Transformam bestas em coisas frágeis, patéticas, todos em busca de algo, ou alguém que proporcione algum conforto.

E choram, e correm, e morrem. 

Eis que o dia vem, e como uma mãe que vê um filho arteiro, cobre com sua luz os bichos. Frágeis, patéticos, perdidos. 

Humanos. 


Mas ela, ela tinha o hálito mais doce. 



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

III

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De repente, Alexander Supertramp virou um ídolo de todo mundo depois do Into the Wild.

Cá entre nós, é algo realmente muito charmoso fazer o que ele fez. Largar tudo pra trás, rejeitar todos os laços que ele tinha cultivado durante tanto tempo e simplesmente cair na estrada. Uma versão mais extrema (e ao mesmo tempo mais politicamente correta, veja bem) dos beats do pós-guerra. Quem não ama um rebelde, né?

Lembro que quando assisti o filme pela primeira vez, me peguei pensando que, apesar de ter achado tudo maravilhoso e o protagonista muito interessante, não conseguiria me colocar naquele papel. Simplesmente largar tudo e sair andando por aí? Complicado. Você faz planos e planos pra uma vida toda, não dá pra jogar tudo pra cima.

Admito que invejo muito quem consiga pensar e ser daquele jeito. É um tipo de coragem que eu não tenho.

Enfim. O ponto é que eu realmente adoro a trilha sonora daquele filme, e esses dias eu tenho escutado mais do que o normal, sei lá por que. Freud explica (e explica mesmo).

Haja condensação.

Dessa vez a música é o meu cover de Guaranteed. É, quase não dá pra ouvir, eu sei.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

II

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Sinto que às vezes a gente perde a sensibilidade pras coisas.

Essa semana me vi pensando sobre como certas coisas que podem definir uma vida são subestimadas. Quase não reparo quando almoço, quando dirijo certos caminhos, que parecem já impressos na minha cabeça de uma forma tão intrínseca que não preciso pensar. Sinto isso ao dormir tarde, acordar e não sentir o dia passar até ter que ir dormir de novo e me lembrar de que lá se foram 24 horas não notadas.

E são tantas coisas pequenas. Poderia bater o carro durante um desses trajetos por causa da menor das alterações no caminho, podia escorregar ao subir as escadas do prédio onde estagio, podia ser atropelado ao sair de casa...

Simplesmente não dá pra pensar nessas coisas. Fode com a sua cabeça. Acho que o mecanismo que nós temos pra lidar com isso é simplesmente... não pensar. Máquina esperta, esse nosso cérebro. Esperta e escrota, quando quer.

Escrevo isso porque é sempre um choque quando encaramos nossa mortalidade mais de perto. Às vezes não tão de perto, mas quando vemos o reflexo nos mais próximos. Algo tão bobo, tão estúpido, quanto escorregar e bater a cabeça pode ter consequências tão devastadoras na vida de tantas pessoas que simplesmente não dá pra pensar nisso. Até que acontece, e você não sabe o que dizer.

Não que eu queira chegar ao clichê do "temos que valorizar todos os dias como se fossem o último". Acho isso uma bobagem. Como disse, sinto que fomos meio que planejados para sermos insensíveis a certas coisas - as maiores delas sendo a própria mortalidade e o cotidiano insosso.

"Ignorância é uma benção".

E você achando que isso ia chegar a algum lugar, não?

Ouvindo: Black Rebel Motorcycle Club - Mercy



domingo, 7 de outubro de 2012

I

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Me sinto meio estranho voltando a escrever aqui. Talvez não dure muito, como a maioria das minhas ideias que dependem apenas da minha força de vontade. De qualquer forma, sinto que preciso disso. 

Sempre achei a ideia de fluxo de pensamento algo meio auto-indulgente, meio chato com quem tá lendo. Acho que é por isso que nunca curti muito Kerouac, por exemplo. De qualquer forma, há algo de libertador em poder escrever sem se preocupar em agradar alguém, por mais contraditório que isso soe, já que agora mesmo me preocupo em tornar esse texto compreensível e gramaticalmente correto. Devo falhar miseravelmente, mas vale a tentativa. 

Enquanto escrevo, são 4 da manhã e tenho um mundo de preocupações me esperando ao acordar, mas por mais que nada de relevante surja daqui, sinto que me fará bem a experiência. E veja bem, ao chegar no terceiro parágrafo, já não me lembro bem o motivo pelo qual quis começar. Não que eu me importe, na verdade.
Não que em algum momento eu tenha me importado.

Enfim. Não sou o mais refinado ou poético dos escritores. Nem poderia, na verdade. Sinto que o velho Buck mandaria eu me foder se assim fosse, além de fugir à ideia central, se é que há uma. 

É, acreditei que sairia algo mais profundo disso, mas também achava muitas coisas. Achava que Brasília seria maior, que o ar seco e rarefeito fosse só um questão de clima, e não uma metáfora tão eficaz com relação ao que essa cidade faz contigo depois de um tempo. 

Preciso de um ar. Ou de novos ares.

Ouvindo: Tom Waits - Kiss Me