terça-feira, 23 de julho de 2013

VIII

Triste ver que só pude voltar a escrever por agora, mas se não o fiz antes é porque não precisei.

Sempre me achei muito autossuficiente. Nunca tive a necessidade de ter alguém por perto o tempo todo, e isso sempre me ajudou, de certa forma. Parece meio deprimente, mas você se acostuma a ser sua única companhia. Ou, pelo menos, a não depender de uma.

Não sei o que mudou de uns tempos pra cá, mas isso já não me era mais suficiente. O problema é que nunca fui muito bom em correr atrás das pessoas. Quando o faço, sinto que me submeto a elas, como se me colocasse à mercê do arbítrio alheio. Talvez seja por isso que acabo sendo chamado de frio. Não sei até que ponto acabo me expondo como frio. Só sei que essa minha inabilidade me custou muito recentemente.

Você se expõe, diz o que sente e não obtém resposta. Nem um sim, nem um não. Só o silêncio.

Você procura alguém pra te ajudar e não tem ninguém, porque nunca se importou com isso antes.

Você se desespera e se afunda nos próprios pensamentos. Começa a especular, pensando sempre no pior.

Vem o medo.

Você opta pelo "foda-se". Escolhe gritar aos ventos sua autossuficiência. Foda-se o que os outros pensam ou pensarão. Larga a coleira uma vez na vida.

Então as luzes se acendem e todos estão te olhando no meio do salão. Caem os preconceitos, ficam os olhares atônitos. Fica a decepção. Fica a certeza de que somos humanos.

Fica o silêncio.

Você se vê sozinho de novo, com tantos laços quebrados, sem esperança de renovação. Tudo que você mais desejaria no mundo é voltar à segurança da não-exposição, à segurança do silêncio, da ausência de comprometimento. Mas você tomou uma posição, e tal qual um rinoceronte numa loja de porcelanas, fodeu com tudo.

E com certas coisas, não tem volta.

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